Januário Garcia, o Sete Orelhas - Jornal Policial apresentado por Wagner Montes
Versão da Lenda de Januário Garcia o Sete Orelhas - Jornal Policial apresentado por Wagner Montes década de 80.
Fonte SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) - cenas gravadas na cidade de São Thomé das Letras e na figueira do Tira Couro em São Bento Abade onde ocorreu onde foi o epicentro de uma história real que movimentou o Sul de de Minas e o Triangulo Mineiro, Januário, Mateus e Salvador Garcia, vivendo escondido e agindo as margens do Rio Grande na região de Lavras buscavam fazer justiça com as próprias mãos e a lei escolhida por Januário, chefe do bando de justiceiros privados, foi a de talião, ou seja, a morte aos matadores - com o requinte estarrecedor de se decepar uma orelha de cada criminoso, juntando as em um macabro cordão que era publicamente exibido como troféu pelos implacáveis vingadores. Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas (Jacuí, 1761 - Lava Tudo, Lages, 16 de maio de 1808). Januário Garcia Leal foi um fazendeiro que vivia na propriedade denominada Ventania, hoje no município de Alpinópolis, situada no sul de Minas Gerais, juntamente com sua família e escravos.
Em 21 de janeiro de 1802, recebeu carta patente assinada pelo Capitão General da Capitania de Minas Gerais, Bernardo José de Lorena, nomeando-o como Capitão de Ordenanças do Distrito de São José e Nossa Senhora das Dores (hoje Alfenas). Sua vida foi pacata até que um acontecimento trágico a mudou definitivamente: a morte covarde de seu irmão João Garcia Leal, que foi surpreendido na localidade de São Bento Abade por sete homens e atado nu em uma árvore, onde foi assassinado a sangue frio, tendo os homicidas retirado lentamente toda a pele de seu corpo.
A burocrática justiça colonial mostrou-se absolutamente indiferente ao episódio, deixando impunes os sete irmãos que haviam perpetrado a revoltante barbárie. Foi assim que, ante a indiferença dos órgãos de repressão à criminalidade, Januário associou-se a seu irmão caçula Salvador Garcia Leal e ao tio, Mateus Luís Garcia, e, juntos, os três capitães de milícias assumiram pessoalmente a tarefa de localizar e sentenciar os autores do crime contra João Garcia Leal, dando início a uma perseguição atroz que relembrou obscuros tempos da história da humanidade, quando a justiça ainda era feita pelas próprias mãos. Somente depois de decepada a última orelha dos criminosos é que Januário deu-se por satisfeito.
Até então, grande parte da então Capitania de Minas Gerais ficou sujeita à autoridade dos vingadores, que chegaram a desafiar magistrados e milicianos, sendo necessária a dura intervenção de Dom João VI, então Príncipe Regente de Portugal, para tentar debelar a ação dos capitães revoltados, que foram duramente perseguidos.